Amanhã será 29 de fevereiro, ou seja, estamos em um ano bissexto. E, mais do que um dia a mais no calendário, há quem diga que isso traz azar. Mas, será mesmo? De onde vem esse mito e qual o significado para a astrologia?

A verdade é que alguns fatos históricos não colaboram em nada para tirar a má fama! Só para exemplificar, o Titanic afundou em 1912. Em 1948, Gandhi foi assassinado. Vinte anos depois, também foi Martin Luther King e, nos anos 80, John Lennon. O que todos esses eventos têm em comum? Todos aconteceram em anos bissextos.

Vamos entender de onde vem a reputação tão negativa?

O que é o ano bissexto?

De modo geral, o ano bissexto é aquele que tem um dia a mais do que os outros, o tão famoso 29 de fevereiro. Para entender a diferença, precisamos viajar um pouquinho o tempo, mais precisamente, à Roma Antiga.

Naquela época, os romanos usavam um calendário com base nas fases da Lua, com duração de 355 dias. No entanto, isso não sincronizava com o ano solar, cuja estrutura considera o movimento de translação (o que a Terra faz em torno do Sol). Este, por sua vez, tem aproximadamente 365 dias.

Prestou bem atenção no termo “aproximadamente”? Pois bem, se dá porque, de fato, o ano solar também não tem 365 dias exatos, mas 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Ou seja, o calendário romano ficava ainda mais atrasado em relação às estações do ano.

Por isso, o imperador Júlio César propôs, em 46 a.C., uma reforma nesta organização. Surgiu, aí, o calendário juliano, com 365 dias e um extra a cada quatro anos. Esse adicional vinha no final do mês de fevereiro, o último do ano para os romanos.

Ué, como assim? Conforme o calendário, o ano começava em março, coincidindo com a entrada do sol no signo de Áries, ou seja, o equinócio da primavera no Hemisfério Norte. Além disso, era o mês das festas religiosas de purificação, as februa, e a festa da Terminália, em homenagem ao deus dos limites.

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E houve mais mudanças!

Só que, com esse arranjo, o dia 23 de fevereiro ficou um dia duplo, com 48 horas. Depois, esse mesmo dia duplo se tornou o 29 de fevereiro. Vale lembrar que o calendário juliano esteve em vigor até o século XVI. E mudou novamente porque o papa Gregório XIII percebeu mais um pequeno erro.

Conforme observaram, o ano solar não é exatamente 365,25 dias, mas 365,2422 dias. Quanta confusão, hein? Sendo assim, criou um novo calendário, o gregoriano, que usamos até hoje. Mas, aqui, surge também uma nova regra para determinar o ano bissexto: precisa ser divisível por 4.

No entanto, isso deve excluir todos os anos divisíveis por 100, exceto aqueles que sejam divisíveis por 400. Para que colocar tanta matemática no meio, né? Mas, para exemplificar, o ano 2000 foi bissexto, mas o ano 2100 não será.

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O que a astrologia tem a ver com o ano bissexto?

Como sabemos, a astrologia estuda a influência dos astros sobre os seres humanos. Assim, baseia-se nos movimentos cíclicos do sol, da lua e dos planetas. Ademais, considera que cada signo do zodíaco corresponde a um período do ano em que o sol passa por uma constelação.

Por exemplo, quem nasce entre 21 de março e 20 de abril é do signo de Áries, pois nesse período o sol está na constelação de Áries. Porém, temos o que chamamos de precessão dos equinócios. Este, nada mais é, do que um fenômeno que faz com que o eixo da Terra mude lentamente de posição. Deste modo, as constelações não estão mais alinhadas com os signos.

Por isso, a astrologia usa o chamado zodíaco tropical, baseado nas estações do ano e não nas constelações. Assim, voltando ao signo de Áries, ele sempre começa no equinócio da primavera no Hemisfério Norte, independentemente da posição do sol em relação às estrelas.

O ano bissexto, portanto, é uma forma de manter o calendário civil em harmonia com o calendário astronômico e, ao mesmo tempo, com o zodíaco tropical. Por isso, podemos celebrar nosso aniversário no mesmo dia do ano e também saber qual é o nosso signo.

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Mitos da maldição

Ok, a ideia aqui é entender por que tanta gente acha que o ano bissexto traz má sorte. Além daqueles eventos que comentamos no início do texto, outros pontos levaram à crença. Por exemplo:

• os escoceses consideram o dia 29 de fevereiro tão azarado quanto a sexta-feira 13.
• já os gregos acreditam que casar em ano bissexto leva ao fracasso do casal.
• por outro lado, os irlandeses relacionam o ano bissexto à boa sorte e fortuna.

Vai entender, né? De qualquer forma, a gente precisa considerar que não existe ano sem mudanças drásticas ou, infelizmente, tragédias. Por isso, nos resta esquecer as lendas e aproveitar o dia extra que o calendário nos dá!