Coisa de filme! Um lote de cartas de amor do século XVIII foi aberto e lido pela primeira vez no Arquivo Nacional britânico. A leitura foi uma proposta do professor Renaud Morieux, da Universidade de Cambridge.
Inicialmente, Morieux encontrou as cartas lacradas e unidas por uma fita. Então, solicitou ao arquivista do local que as abrisse. Então, após obter autorização, publicou suas descobertas na revista “Annales. Histoire, Sciences Sociales”.
Só para ter uma ideia, o professor foi a primeira pessoa a ler os relatos. A princípio, ao que tudo indica, os destinatários sequer as receberam.
Para quem eram as cartas de amor?
Após meses de trabalho, o professor conseguiu decodificar 105 cartas de amor do século XVIII. A princípio, tinham grafia complicada, sem pontuação ou letras maiúsculas.
As cartas foram enviadas à tripulação de um navio francês capturado pela marinha britânica durante a Guerra dos Sete Anos. O conflito envolveu a França e a Inglaterra.
Para Morieux, entretanto, os escritos revelam “experiências universais” que não se limitam ao século XVIII. “Eles mostram como todos nós lidamos com os principais desafios da vida”, disse o professor.
E, embora os escritos sejam de tanto tempo atrás, os assuntos são bem familiares. E isso mesmo com as diferenças dos aplicativos que usamos hoje.
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O que tinha nas cartas de amor?
As cartas escritas por mulheres durante a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) revelam um amor profundo e uma forte crença no divino.
Em uma carta datada de 18 de fevereiro de 1758, por exemplo, Quenette Cherost escreve ao marido, o oficial da marinha francesa Jean Garnier. As palavras diziam: “E fiel Esposo você sabe que depois de Deus você é o único que meu coração deseja ver todos os dias”.
Além disso, a esposa de Jean Baptiste Emmanuel Gilbert, mestre calafetador, também expressa seu amor em termos religiosos. Segundo as palavras, “Abraço-te de todo o coração, não podendo fazê-lo com a boca”.
Inicialmente, mais da metade das cartas encontradas (59%) foram assinadas por mulheres. Para o professor Renaud Morieux, que decodificou os escritos, elas sobretudo “destroem a noção antiquada de que a guerra gira em torno dos homens”.
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Um retrato familiar da época
As cartas de amor abertas e lidas pela primeira vez revelam também detalhes sobre a vida familiar no século XVIII.
Em uma carta enviada ao marinheiro Nicolas Quesnel, da Normandia, sua mãe, Marguerite, expressa seu carinho e preocupação: “Dê os meus cumprimentos a Varin (um companheiro de bordo), é apenas a esposa dele que me dá as suas notícias”.
Semanas depois, a noiva de Nicolas, Marianne, escreve para lembrá-lo de dar notícias para a mãe do jovem: “a nuvem negra se foi, uma carta que sua mãe recebeu de você ilumina o ambiente”.
As cartas mostram que as famílias do século XVIII eram unidas e que as mulheres desempenhavam um papel importante na comunicação entre os membros da família.
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