Ike Jime: o que é a técnica japonesa que está virando tendência?

Ike Jime.

Uma reportagem recente do jornal O Globo aponta que 20% da população brasileira vem retirando a carne do prato. Os motivos são muitos, desde o respeito ao ambiente até, principalmente, reduzir a crueldade contra os animais. O que passa, claro, pelos peixes. Mas, você já ouviu falar do Ike Jime? Trata-se de uma técnica de pesca japonesa que combina conhecimento, habilidade e, acima de tudo, gratidão pela vida marinha.

Ainda que tenha nascido no Japão, a prática se espalhou pelo mundo. De modo geral, a pesca preserva a frescura e qualidade do peixe sem, entretanto, causar-lhe sofrimento. Por isso, se associa a uma técnica sustentável que traz benefícios tanto para a natureza quanto pessoas pescadoras.

O que é o Ike Jime?

O Ike Jime (活け締め) ou Ikijime (活き締め) é um método de pesca cujo objetivo é manter a qualidade da carne. Mas, desenvolvida no Japão há mais de mil anos, não consiste apenas em capturar peixes. Só para ilustrar, antes de começar a pesca, os pescadores realizam um ritual sagrado.

Nele, honram os peixes e, também, pedem permissão para sua captura. Trata-se de um ato simbólico que estabelece uma conexão entre natureza e homem. Quando têm a autorização, iniciam a pesca.

Sobre a técnica, em si, consiste no manuseio preciso. Inicialmente, envolve a inserção de um espeto na cabeça do peixe. Sim, quando se pensa que, para comer, ainda é necessário tirar uma vida animal, segue, de certa forma, cruel.

Porém, a morte é instantânea e, diferente da pesca esportiva, por exemplo, evita o sofrimento. Certo, mas onde está o fundamento de preservar a carne do peixe?

Isso, a princípio, é possível porque, após espetar o cérebro, uma agulha fina ou um pedaço de arame é inserido na coluna vertebral. Assim, evita qualquer movimento muscular. Em seguida, as barbatanas do peixe se abrem e o peixe relaxa, cessando imediatamente todo o movimento.

De modo geral, a prática se baseia no em um princípio científico: quanto menor é a dor, melhor é a carne. Ou seja, com o abate rápido e sem estresse, o Ike Jime impede a liberação de toxinas e substâncias nocivas nos músculos, o que tornaria a carne ácida, mole e menos saborosa.

Além disso, o sangue contido na carne do peixe se retrai para a cavidade abdominal, produzindo um filé mais colorido e saboroso. Com isso, prolonga a sua vida útil.

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Quais são os benefícios do Ike Jime?

Em resumo, há muitos benefícios envolvidos na adoção desta técnica japonesa de pesca. Isso vale tanto para o consumidor quanto para o meio ambiente. Alguns deles são:

  • Melhora o sabor e a textura do peixe, pois preserva a frescura e qualidade. Ademais, evita o deterioramento da carne e a perda de umidade.
  • Permite que o peixe desenvolva mais umami (gosto) quando envelhecido, algo muito apreciado pelos chefs e amantes de sushi.
  • Reduz o desperdício e o impacto ambiental da pesca, pois evita a liberação de toxinas e substâncias nocivas na água. Deste modo, melhora a qualidade do ambiente marinho.
  • Encoraja uma abordagem mais sustentável e ética na pesca, elevando o padrão de práticas respeitosas e conscientes.
  • Promove uma cultura de respeito e valorização do meio ambiente e dos recursos naturais.

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Como aprender?

Embora seja uma técnica de pesca japonesa, é possível praticar o Ike Jime em qualquer parte do mundo. Inclusive, há recursos ensinam a aplicá-la. Por exemplo, sites e aplicativos, como o Ikijime Tool.

Ambos mostram a localização do cérebro de muitas espécies de peixes, guiando a pessoa que se interessa pela metodologia. Ademais, existem vídeos e tutoriais que ensinam o passo a passo da técnica. Da mesma forma, dá para buscar por cursos e workshops que oferecem treinamento prático e teórico sobre a técnica.

E  Ike Jime é uma técnica de pesca japonesa que não só melhora a qualidade e o sabor do peixe, mas também honra a vida do animal, além de proteger o oceano. Ademais, preserva o vínculo entre o homem e o mar, lembrando do quanto é importante tratar a natureza com respeito e gratidão.

Author

  • Luciana Gomides

    Jornalista e assessora de comunicação e imprensa com experiência em Comunicação Pública, Gestão de Eventos, Marketing Digital, análise e estratégia, gerenciamento de crises, produção e redação de conteúdo. Já trabalhou em diversos projetos e segmentos na área, inclusive como gerente de Comunicação na Educação Municipal, período em que desenvolveu produtos audiovisuais para permitir o acesso a conteúdos pedagógicos durante a pandemia. Ainda, criou áreas de Ouvidoria e Eventos Virtuais. É pesquisadora de Comunicação Compartilhada/Comunitária, Marketing Público e Políticas Públicas para Comunicação. Atuou na área de turismo e hotelaria. Especialista em Marketing e Assessoria de Comunicação.

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