Viver com Alzheimer, inegavelmente, não é fácil. E isso vale tanto para quem o tem quanto para quem vive ao seu redor. Tanto que, embora dolorosa, algumas famílias têm, como última alternativa, levar a pessoa a um centro especializado. Porém, longe de segregar ou excluir, existem vilas para pessoas com Alzheimer e suas famílias visando levar o cuidado que tanto precisam.
A verdade é que a internação é raramente a primeira coisa que vem à mente de quem convive com uma pessoa que tem Alzheimer. Logo, essa é uma decisão bastante complicada de tomar. No entanto, chega um momento em que a pessoa diagnosticada com demência já não consegue levar uma vida normal.
Daí, a necessidade de ter profissionais especializados mais perto, a fim de dar qualidade de vida. Felizmente, aumentam os projetos que tratam de ajudar essas pessoas. Por exemplo, um restaurante no Japão, onde as pessoas que servem têm demência. Mas, inegavelmente, uma vila para abrigar pessoas com Alzheimer e suas família está entre o melhor deles.
Village Landais Alzheimer em Dax, França, é uma das vilas para pessoas com Alzheimer
Um exemplo fica em Dax, na França. Seus cerca de 120 moradores têm idade média de 80 anos, todos diagnosticados com Alzheimer. Porém, a vila tem o dobro de profissionais cuja finalidade máxima é lhes dar autonomia. E, ao mesmo tempo, facilitar o seu cotidiano.
Uma curiosidade é que essas pessoas não se apresentam, exatamente, como profissionais de saúde. Isso se dá sobretudo para evitar que os pacientes tenham a consciência do motivo que os levou para lá.
Conforme publicação na revista Viajar, a diretora, Pascale Lasserre-Sergent, descreve a filosofia da vila como algo que “consiste em manter uma vida como todo o mundo, como a que conhecemos hoje em dia. Ir às compras, falar com os vizinhos, ir à biblioteca, ter acesso a todos os serviços”.
Só para ilustrar, Landais Alzheimer tem cafeteria, biblioteca, restaurante, cabeleireira, sala de música, parques, ginásio… Além dos centros médicos correspondentes.
Contudo, quem está em uma das vilas para pessoas com Alzheimer não precisa seguir horários, mas recebe acompanhamento diário, praticamente sem medicamentos (dentro do possível). Assim, cada pessoa tem sua própria casa e ritmo de vida.
Mas, qual a vantagem disso? Conforme apontam especialistas, em vez de mostrar um deterioramento cognitivo acelerado, quem está nessas vilas manifesta uma leve evolução.
Da mesma forma, os familiares se sentem melhor, com menor culpa e ansiedade. Mas, Landais não é a única entre as vilas para pessoas com Alzheimer. Além do espaço que nasceu em 2020, há outros por aí!
Leia mais: Conheça a ilha vulcânica que tem acesso apenas de helicóptero
Outras vilas para pessoas com demência
Mais uma das vilas para pessoas com Alzheimer, a aldeia de Hogeweyk fica nos Países Baixos. Construída em 2009, segue basicamente a mesma ideia que a francesa.
Ou seja, trata-se de um espaço aberto no qual os residentes convivem tranquilamente com as pessoas cuidadoras. Ao todo, são quase 200 moradores que se distribuem entre 27 casas.
De acordo com Janette Spiering, uma das fundadoras ao New York Times, ninguém quer se enclausurar ou viver uma vida ditada por outros. Segundo ela, a ideia é viabilizar que estas pessoas tomem suas próprias decisões, ainda que com o apoio necessário.
Só para exemplificar, há um supermercado por lá no qual não se utiliza dinheiro real. Mas, dá aos residentes a sensação de seguir com a sua vida ordinária.
Nos subúrbios de Oslo, na Noruega, temos mais uma das vilas para pessoas com Alzheimer. A Carpe Diem é um complexo com 136 habitações e 22 unidades que se destinam a pacientes com demência severa.
Assim como as anteriores, é um espaço completamente aberto, tanto para os residentes como para os visitantes. Ademais, se encontra em processo de ampliação para criar uma comunidade ainda mais integradora. O objetivo, então, é unificá-la a uma cidade próxima, além de construir uma creche infantil.
Leia mais: A vida está um caos? 8 hábitos para organizar a sua vida rápido
Uma das vilas para pessoas com Alzheimer fica na Austrália
Por fim, o New Direction Care, em Bellmere, mais se parece com um bairro suburbano. Na prática, favorece que moradores e vizinhos façam suas atividades normalmente, vivendo uma vida comum a de qualquer área australiana.
Mas, uma coisa é certa: ainda que estas vilas para pessoas com Alzheimer as acolham e deem autonomia, os números não param de aumentar. Segundo a OMS, já são mais de 55 milhões de pessoas com diagnóstico de demência.
Além disso, se estima que, em 2030, haja 78 milhões. Enquanto a ciência segue com promissoras investigações, ao menos, há lugares onde quem convive com algum tipo de demência leve uma vida completamente normal. E os seus familiares também.
0 comentários